quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

lutando contra a morte.

Ontem (06/01/08), participei de uma das experiências mais fortes de minha vida.


Tava vendo TV, deitado no sofá quando ouço os filhotes da minha cadela chorando. Escutar eles chorando já era costume, mas esse choro era de desespero. Saí correndo em direção ao barulho e cheguei à piscina, onde estavam alguns filhotes em volta dela e dois dentro da água tentando subir no deck, todos chorando, principalmente os que estavam quase afogados. Corri pra tirá-los de lá, já estavam se engasgando, conferi se estava tudo bem, eles estavam assustados, mas tudo certo. Deixei perto da mãe e saí na busca por mais algum(ns), foi quando vi um todo pretinho boiando no meio da piscina, a um metro de profundidade mais ou menos, imóvel. Num ato de desespero, tirei ele da piscina e o pequeno estava com a borca aberta, olhos fechados, lingua roxa pra fora, com a barriga cheia de água, não mexia um músculo sequer. Por alguns segundos fiquei sem reação. Eu poderia ter dado o bixo por morto, ou poderia arriscar tentar salvá-lo e me frustrar por não atingir tal objetivo. Então comecei o boca-a-boca.
Ver em TV é uma coisa, você ali no sofá, tomando coca-cola e vendo na Ana Maria Braga como se faz um boca-a-boca, outra coisa é ali, na hora, a caravana da morte partindo e... "É UM CACHORRO! Como vou assoprar nesse focinho?". Nada como a prática para aprender; dei o primeiro soprão e o cachorro se estufou, mas não o suficiente para pôr água pra fora, parti pra massagem cardiaca, onde meus dois dedos pegavam quase todo torax do bixo. Novamente massagem, sopro no nariz, agora com mais força! Mais massagem.
O bixo gemeu, tentando acompanhar o choro dos outros seis que estavam em volta assustadíssimos. Se gemeu é porque está vivo, então agora vai!
Quinze minutos nessa atividade agoniante entre a vida e a morte, meus olhos cheio de lágrimas, e o cachorrinho finalmente começou a conseguir respirar sozinho, devagar, gofando, respirando, com os pulmões cheio de água, dava para ouvir o borbulhar dentro daquele corpo minúsculo.
Na hora fiquei sem saber o que tinha acontecido, eu o tirei morto da água, de repente ele tava ali, quase de volta. Na verdade, por um breve segundo, achei que não ia dar certo, nunca tinha feito algo assim, nem sabia que era possivel, mas paguei pra ver e pela segunda vez, dei um olé na morte.*
Sequei ele com uma toalha, deixei ele coberto, estava tremendo muito de frio, até que foi se acalmando e conseguindo respirar normalmente.
Pra finalizar, nada como uma festa regada a muito leite pros pequeninos.



*A primeira eu não fiz esforço, mas meus quinze anjos trabalharam duro pra me tirar da situação ileso.

Um comentário:

Giovanna Campos disse...

é o milagre da vida!
:)

ainda bem q vc conseguiu salva-lo. qdo o outro pequenino morreu, eu só soube, mas não parava de pensar no sofrimento dele.

qual foi a 1a vez?