quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Um planeta chamado Novela.

Um planeta estranho, observado de longe por outros mais estranhos ainda, que juram fazer parte desse mundinho privado, cheio de falsa luz, ainda que não passam de meros espectadores.
Nesse mundo o barraco do pobre tem decoração Tok & Stock, as panelas são os últimos lançamentos da Tramontina e a maquiagem já acorda feita. As famosas "roupas-de-ficar-em-casa" são ternos, vestidinhos caríssimos e quando é pra mostrar pobreza, usam algo como... Hm... triton. Até aquela carismática esmolé usa pano de griff.
Quando o cara é rico, seu trabalho é reunião. Nesse mundo, rico quando é honesto não sai da sala de reunião; quando sai, vai para um importante almoço de negócios, usando aquele mesmo terno de sempre, mas sem perder a pose. Mas tem que ser logo, porque jajá tem outra reunião.

Bebida é suco. Água, nesse planeta, não é necessário, um bom suco amarelo, num copo longo, ali do seu lado apenas como um objeto de decoração, já é o bastante para o corpo. Nem dar um gole as pessoas que ali vivem precisam, bastam pedir o suco e segurar o canudo com cara de sexy que seu corpo já está hidratado.

Piscina sempre é grande e com ninguém dentro. Quando muito um dentro nadando só de sunga/bikini e outro(a) fora acompanhando com classe com um sorriso pretensioso na boca. Se tiver dois, ai pode preparar pipoca que a cachorrada vai ser boa, nesse planeta sádico, a putaria reina.

O pior é que o planeta daqui, fora da área very-very importante, tenta copiar a passos fiéis tudo que aparece na fabulosa terra da Novela, desde aquela sainha três-dedos, de estampa de oncinha com detalhes em lantejoulas douradas, usada pela profissional do sexo (a nova representante da tv brasileira), até aquele lindo topete que um dos quinze galãs adotam como hair style.

Meu pai já brincou uma vez: "tenho medo do dia em que alguem começar a comer merda na novela, vamos ter que nos acostumar com o sabor."

Eu já não brinco mais, continuo assistindo (que eu não sou hipócrita de dizer que não) torcendo para que cada pessoa ruim, perversa, boa, santa, neurótica, chorona, alegre, triste, azul, laranja, tenham um final drástico, por que não dizer trágico.





ps: escrevendo esta porcaria perdi Bebel e Olavo.

2 comentários:

Juliana Almirante disse...

Nossa,
muito bom isso aqui.

Impressionei-me com o seu conhecimento com novelas...hehe
Mas nem é preciso assistir muito p saber [todas são iguais].

Giovanna Campos disse...

bebel pra presidência do brasil!